Nas passeatas deste domingo (15)
que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o que se comentava é que
o ex-ministro Bresser Pereira tinha razão quando afirmou: "Os ricos nutrem
ódio ao PT e a Dilma".
"Surgiu um fenômeno que eu
nunca tinha visto no Brasil. De repente, vi um ódio coletivo da classe alta,
dos ricos, contra um partido e uma presidente. Não era preocupação ou medo. Era
ódio."
"Esse ódio decorreu do fato
de se ter um governo, pela primeira vez, que é de centro-esquerda e que se
conservou de esquerda. Fez compromissos, mas não se entregou. Continua
defendendo os pobres contra os ricos", afirmou Bresser Pereira em recente
entrevista à Folha.
Além de elitista, a manifestação
deste domingo parecia quase racial. As imagens abertas, mostrando a multidão,
também deixavam claro que a esmagadora maioria dos participantes pertencia a
uma classe social privilegiada. Até mesmo nos protestos na Bahia, onde
reconhecidamente os negros predominam em todas as manifestações, políticas ou
culturais, eles não eram vistos nos protestos.
De acordo com a PM, havia 15 mil
pessoas na orla de Copacabana. Levando em consideração que havia muitas
famílias no ato, com pais, mães, filhos e até avós, então é possível avaliar
que havia cerca de 7 mil famílias nas ruas. Só na Rocinha, comunidade da Zona
Sul do Rio, há cerca de 600 mil pessoas. Imaginem quantas famílias há nas
regiões mais pobres do país, nas periferias, nas zonas mais sofridas.
Aliás, a presença de famílias
remete também à histórica Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em março
de 1964, em reação aos que os participantes da época chamavam de "ameaça
comunista", e comandada pelo padre americano Patrick Peyton. A deste
domingo acontece num dia de sol, nas regiões mais ricas dos estados,
com características claramente elitistas.
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