Após se entregar à Política Federal na manhã desta sexta-feira (28), o
deputado federal Natan Donadon (PMDB) foi encaminhado para o presídio da Papuda,
em Brasília, na tarde de hoje, segundo a assessoria do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal.
O juiz da Vara de Execuções Penais, Ademar de Vasconcelos, decidiu que
Donadon ficará em cela comum na cadeia PDF-1, porém separado dos demais presos,
pois ele ainda é deputado federal. A assessoria informou que o juiz Vasconcelos
afirmou que "o Estado tem a obrigação de manter a integridade física de Donadon
porque ele ainda é deputado".
Ministro
do STF diz que caso Donadon é 'mau presságio' para condenados no
mensalão
PMDB
de Rondônia expulsa deputado condenado pelo STF
Segundo a assessoria do TJ-DF, Donadon cumprirá pena como os demais detentos,
com direito a banho de sol e "sem regalias". O parlamentar é o primeiro
deputado com ordem de prisão no exercício do mandato desde a
redemocratização do país.
PRISÃO
Donadon se apresentou em uma rua de Brasília ao superintendente da PF no
Distrito Federal, Marcelo Moseli, e outros policiais federais. Ele se entregou
em frente a um ponto de ônibus e assinou o mandado na rua mesmo. O parlamentar
terá que passar por exames e ficará preso até ser transferido para um presídio.
Ao longo de toda quinta-feira a PF utilizou informações de inteligência,
seguiu carros suspeitos, fez buscas no apartamento funcional e no gabinete, além
de realizar intensas negociações com os advogados do parlamentar para tentar
viabilizar a prisão. Porém, o deputado não foi encontrado e preso.
Donadon fechou um acordo para se entregar de forma espontânea e se encontrou
com o chefe da PF no Distrito Federal. Inicialmente, ele chegou a descumprir um
acerto com a PF para se apresentar até o início da tarde. O diretor-geral da PF,
Leandro Daiello, participou da negociação para que não houvesse turbulência no
processo.
Foi acertado que não haveria uma exposição de Donadon. Uma das preocupações
era com a imagem dele sendo preso por agentes da Polícia Federal.
O deputado começou a ser procurado desde o fim da tarde de quarta-feira. A
busca partiu horas depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) determinar a
imediata prisão do parlamentar.
Donadon foi denunciado em 1999. Ele foi condenado em outubro de 2010, quando
o tribunal entendeu que ficou comprovada sua participação em esquema na
Assembleia de Rondônia que, segundo as apurações, desviou R$ 8,4 milhões por
meio de simulação de contratos de publicidade. Nesta semana, os ministros
entenderam que não cabia mais chance para recursos e determinaram a prisão.
A entrega do deputado foi negociada pelo advogado Nabor Bulhões, que assumiu
o caso depois da condenação em 2010. Ele foi procurado em seu gabinete por
integrantes da cúpula do PMDB que fizeram a intermediação para a contratação. Na
época, a recomendação do PMDB a Bulhões foi para apresentar os recursos e também
entrar em campo para evitar uma eventual prisão.
O advogado ainda estuda, mas deve pedir ao STF um recurso chamado de revisão
criminal, que pode ser proposto contra decisões já efetivadas.
CASSAÇÃO
Como não foi encontrado, a Câmara ainda não conseguiu notificá-lo da abertura
do processo de cassação de seu mandato. Emissários da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) devem fazer hoje uma terceira tentativa.
Nesta quinta, o PPS pediu
que o comando da Câmara decrete a cassação imediata de Donadon. "Não cabe às
Casas do Congresso, segundo decidiu o Supremo, deliberar sobre a perda ou não do
mandato do parlamentar com a sentença criminal condenatória", disse o presidente
do partido, deputado Roberto Freire (SP).
A expectativa é que a questão seja rejeitada. O entendimento é que cabe ao
parlamentar o amplo direito de defesa, mesmo com a condenação.
ENTENDA O CASO
24.jun.1999 Natan Donadon e outras seis pessoas são denunciados por
desvios em contratos de publicidade da Assembleia de Rondônia de 1995 a 1998.
4.nov.2002 A denuncia é recebida pelo TJ-RO (Tribunal de Justiça de
Rondônia), menos de um mês após Donadon ser eleito deputado federal. Como os
deputados federais têm foro privilegiado, o caso sobre então para o Supremo.
28.out.2010 Supremo condena Natan Donadon a 13 anos, quatro meses e
dez dias de prisão, em regime fechado, por peculato e formação de quadrilha.
13.dez.12 STF nega primeiros recursos
26.jun.2013 Supremo nega os segundos recursos e ordena prisão.
Fonte: folha On Line
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