quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Suspeito de acender rojão que matou cinegrafista no Rio é preso na Bahia

O manifestante suspeito de acender o rojão que matou o cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, 49, foi preso na madrugada desta quarta-feira, em Feira de Santana (119 km de Salvador). Caio Silva de Souza, 23, foi preso por volta das 3h (horário de Brasília) em uma pousada no centro da cidade.
O recepcionista da pousada Hergleidson de Jesus Moreira disse que Souza se hospedou por volta das 16h de ontem (11) com o nome de Vinícius Marcos de Castro. Ele não soube informar se o suspeito apresentou algum documento porque não estava trabalhando no momento do check-in.
Por volta das 22h, recepcionista conta que um homem ligou para a pousada dizendo ser irmão de Souza. Ele disse para o recepcionista que chegaria mais tarde para se hospedar e pediu para falar com o suspeito.
Segundo Moreira, por volta das 3h (horário de Brasília) chegaram a pousada policiais civis, acompanhados do advogado e da namorada do suspeito. Após a mulher e o advogado conversarem com o manifestante, ele deixou o quarto acompanhado por dois policiais civis.
O recepcionista disse que só descobriu que o homem preso era o manifestante foragido do Rio quando entrou na internet para pesquisar.
Jonas Tadeu, advogado do suspeito, disse que o cliente estava indo à casa do avô no Ceará e que não sabia que havia um mandado de prisão expedido contra ele. Depois de conversas por telefone com o advogado, o jovem desistiu da viagem e desembarcou na cidade de Feira de Santana.
"Ele não foi preso, eu entrei no quarto com a namorada dele, conversamos e ele se apresentou à autoridade. Ele não saiu algemado", disse o advogado.
Caio, deixou a Bahia, acompanhado por policiais civis, em um voo comercial rumo ao Rio, por volta das 5h de hoje.

BUSCA

O nome de Souza foi confirmado pelo tatuador Fábio Raposo, 22, que teria entregue o rojão ao jovem. Raposo está preso desde domingo (9) no Complexo de Bangu, zona oeste, acusado de homicídio doloso qualificado –mesma acusação que pesa sobre Souza. O advogado de Raposo tentava obter para seu cliente o benefício da delação premiada, mas não conseguiu.
Para o delegado Maurício Luciano, ao colocar o rojão naquele local, o rapaz tinha intenção de matar. "Foi um homicídio intencional. Não foi um atentado à liberdade de imprensa. Infelizmente, o Santiago estava na linha de tiro. A intenção era ferir ou matar os policiais", disse o delegado.
Na terça-feira, o advogado já havia dito à Folha que o manifestante ia se entregar. Ele afirmou ainda que o manifestante sofre de "descontrole emocional" e ficou assustado ao ver sua foto em um cartaz de procurado.
Dezesseis policiais, agentes do serviço de inteligência e o Disque-Denúncia foram mobilizados na busca por Souza, que teve prisão preventiva decretada na noite de segunda-feira.
Ontem, as buscas começaram às 4h com policiais percorrendo locais onde Souza costuma ir: a casa onde mora com o pai, em Nilópolis (Baixada Fluminense), o hospital onde trabalha e um endereço na região dos Lagos, a pelo menos duas horas dali, que costuma frequentar.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, Souza, empregado de uma empresa terceirizada, trabalha em regime de plantão de 12 horas, com 36 horas de folga. No dia em que o cinegrafista foi atingido, ele estava de folga. No dia seguinte deveria trabalhar, mas desde então não aparecia no hospital.
Souza registra passagens pela polícia. Em 2010, ele foi detido na Baixada Fluminense sob a suspeita de portar 33 gramas de cocaína e crack. A droga foi encontrada a dois metros de Souza por policiais militares, após uma perseguição. O inquérito foi arquivado por falta de provas.
O manifestante ainda registrou uma ocorrência na delegacia informando ter sido agredido num protesto.
Divulgação/TV Bandeirantes
O cinegrafista da Rede Bandeirantes Santiago Ilídio Andrade, 49, teve morte cerebral após ser atingido por um rojão em ato no Rio
O cinegrafista da Rede Bandeirantes Santiago Andrade, 49, morreu após ser atingido por um rojão
FILHINHOS DE PAPAI
O prefeito Eduardo Paes disse que os suspeitos da morte são "filhinhos de papai mimados". Ele defendeu a prisão dos indiciados.
"Eles precisam ficar na cadeia por muito tempo. Precisamos é de menos impunidade no Brasil e no Rio. Protesto faz parte, o que não pode acontecer é sair na rua tirando seus recalques, atacando os outros com violência."
Também no Rio, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, afirmou que os manifestantes que usam a violência nas ruas repetem práticas da ditadura militar.
"Não podemos ser condescendentes com quem acha que pode tudo só pelo fato de ser um manifestante", disse.
Fonte: Folha de S Paulo
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