Acuado e pressionado pelas contundentes críticas das entidades da sociedade civil organizada e da opinião pública manifestada nas redes sociais principalmente no fim de semana, o governador Simão Jatene saiu do costumeiro imobilismo e ontem, finalmente, quatro dias depois do ocorrido, manifestou pesar aos familiares de Feliciana Mota e do sargento Antônio Hélio Borges, da Polícia Militar, baleados durante a fuga de três assaltantes na quinta-feira da semana passada, no centro de Belém. Feliciana morreu na hora. Hélio ainda foi socorrido, mas não resistiu e faleceu no Hospital Metropolitano no último sábado. Ele foi o 31° policial morto apenas esse ano no Estado. Nos três anos do governo Jatene, já chegam a 100 os policiais mortos vítimas da criminalidade crescente.
Em seu programa radiofônico “Prestando Contas” de ontem, Jatene disse ter pedido a Deus que desse forças aos familiares do casal assassinado “para enfrentar este momento difícil”, elogiando a coragem do militar que “não se conteve e expôs a vida para defender o patrimônio e a vida de outra pessoa”. Apelando para o melodrama explícito e talvez numa alusão à sua própria administração, Simão Jatene comentou que “nossa sociedade é muito complacente em determinadas circunstâncias, e em alguns casos extremamente exigente quando se trata de avaliar o policial e os trabalhadores da segurança pública”. “(...) em momentos extremos (...) existe também no peito do policial um coração, que não se furta de defender com a própria vida a sociedade”, afirmou.
Mas uma vez o governador negou no programa que o Pará esteja entre as quatro unidades federativas do Brasil com o maior número de homicídios, referindo-se ao Anuário Estatístico do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), encomendado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública e divulgado semana passada em todo o país. O estudo mostra que o Pará registrou 39 mortes por 100 mil habitantes em 2012, contra 37,9 em 2011, mostrando que os índices de violência no Pará só crescem a cada ano.
O Pará detém hoje uma das maiores taxas de homicídio doloso do país. O valor investido em Segurança Pública pelo governo do Pará para cada habitante é de R$ 181,41, um dos menores valores per capita entre as demais unidades da federação. Apenas os estados do Amapá (R$ 55,32), Piauí (78,14), Maranhão (127,08) e Ceará (171,56) investem menos que o Pará.
Nosso Estado se tornou, na última década, o campeão em assassinatos, com um aumento de 307,2%, de acordo com dados do Mapa de Violência de 2013. O Pará detém ainda o dobro da média nacional de policiais cedidos a Órgãos Públicos e menos da metade do recomendado pela ONU de policiais por habitante, que é de um policial para cada 250 habitantes, enquanto que aqui a média é de apenas um policial para cada 600 habitantes.
(Diário do Pará)
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