Desses, porém, só 16 têm mais habitantes do que o restante do município -o que aumenta as chances de ter votos para vencer o plebiscito, etapa final do processo.
O levantamento foi feito pela Folha com base nos dados dos 5.565 municípios do país, divulgados no último Censo do IBGE. Em média, cada um tem dois distritos.
A partir daí, a reportagem verificou quais deles se encaixam nas novas regras. Entre as exigências, o projeto aprovado em outubro determina uma população mínima para criação de novas cidades: 12 mil nas regiões Sul e Sudeste, 8.400 no Nordeste, 6 mil no Norte e Centro-Oeste.
Editoria de Arte/Folhapress |
CANDIDATOS
Dos 16 distritos com mais chance de emancipação, ao menos seis já tentam se transformar em municípios. Apontam como razões a distância em relação à sede, falta de recursos e até identificação maior entre moradores.
Em Sumaré (SP), moradores de Nova Veneza, distrito com 140 mil habitantes, reclamam que não recebem repasses da prefeitura e que, quando precisam de serviços, recorrem a Campinas.
"Nada do que é arrecadado aqui vem para o distrito", diz o comerciante Dirceu Ramalho, 50, um dos articuladores da separação.
Em Justinópolis (MG), moradores querem se separar de Ribeirão das Neves, na Grande BH, e deixar de viver na "capital dos presídios". Já reuniram 15 mil assinaturas -querem chegar a 22 mil.
Para o presidente da comissão pela separação, Janus José, vencer um plebiscito seria fácil -o distrito tem 160 mil habitantes, e o restante da cidade, 130 mil.
Na Bahia, além de população maior que a sede, a distância geográfica é bandeira dos candidatos a cidades.
Como em Nova Viçosa, onde até o prefeito Márvio Mendes (PMDB) apoia a emancipação de Posto da Mata, distrito a 90 km da sede. Motivo: ele vive lá há 35 anos -e pensa em eleição. "Nova Viçosa não ficaria abandonada", diz.
Para Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional de Municípios, exigir um plebiscito pode travar a formação de novas cidades.
"Foi o que se viu no Pará, em 2011, quando a população não aceitou a divisão em dois Estados", afirma.
Ele diz que a emancipação pode ser positiva nos casos em que o distrito fica longe da cidade-sede. E defende que as regras deveriam prever distâncias mínimas entre o novo município e o anterior, o que não ocorre. "Senão cria a indústria da emancipação."
Para o economista Guilherme Mercês, a separação não é garantia de desenvolvimento. A saída, afirma, poderia ser uma gestão descentralizada. "Prover melhores serviços é questão de gestão, não de tamanho ou quantidade de municípios", diz.
Fonte: Folha de S Paulo (NATÁLIA CANCIAN)
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